sábado, 20 de março de 2010

Acarí perde Seu Absalão.



Venho aqui anunciar o falecimento de Seu Absalão, na foto acima com os netos Hanna e Hassan, filhos da saudosa Sônia de Absalão.
Falar em Seu Absalão de Queirós Raia, filho de árabes que vieram para o Brasil no começo do século passado, é difícil e ao mesmo tempo prazeroso.
Difícil porque não há como descrever com palavras, por mais belas que possamos ajuntá-las numa dissertação, o seu imenso coração e a sua capacidade de fazer o bem.
Do casamento com Dona Neide Nóbrega, outra de saudosa memória, nasceu-lhe apenas Sônia. Mas seus corações se equiparavam em bondade e, assim, trouxeram para alegrar a grande casa na Rua Dr. José Augusto mais duas crianças; entre elas Mauricéa, minha prima legítima, e Fafá a menina doce que Acari inteiro quer bem até os dias de hoje.
Depois vieram algumas sobrinhas de Dona Neide e o casarão estava sempre repleto de alegria, da filha que Deus lhes deu, das filhas que escolheram para amar e dos amigos de todas elas. Fui assíduo frequentador da algazarra na calçada de sua casa, ali pelos anos oitenta e sete e oitenta e oito.
É prazeroso falar em Seu Absalão Raia porque nos vemos diante de um homem sinônimo de desenvolvimento para a nossa terrinha por anos a fio.
Seu Absalão perspicaz, honesto, simpático e tantos outros bons adjetivos...
No ano dois mil, Sônia e seu esposo Cléber, sobrinho de Seu Absalão, abriram uma prestadora de serviços no ponto onde um dia foi a loja de tecidos. Ali eu ia todas as manhãs em busca de desenhos de computador para os bonés que eu fabricava, e para receber os pedidos da Internet, ainda rara em nossa terra, mas que eles dispunham. Nesse mesmo tempo eu era assinante da National Geographic e depois de haver lido a revista levava a mesma para a sua leitura. Depois, quando eu ia recebê-la, discutíamos sobre os assuntos ali contidos. Era inteligentíssimo! Dava lições de vida, ensinava, ponderava... ria!
Embora fosse Cristão Católico Romano, jamais abandonou a simpatia pela fé dos seus ancestrais, motivo pelo qual brincávamos muito um com o outro, e essa mania nos levava a perder a hora do almoço em tais pelejas, sempre muito respeitosas e trazidas em tons amenos.
Ainda lembro do fatídico Onze de Setembro, na Nova Iorque estadunidense, quando radicais islâmicos colocaram o World Trade Center no chão. Poucos dias depois eu dizia que Obama Bin Laden estaria perdido. Seu Absalão, como quem conhecia das manhas dos seus primos, embora repudiando tal ato de terrorismo, dizia na calma maior do mundo:
- Você vai ver, Jesus, eu morro e não o vejo preso.
Foi hoje ao encontro de Dona Neide e de sua Sônia, deixando-nos o legado da amizade e do respeito ao povo, tenha ele a cultura que tiver.
Vai-se mais uma das Craibeiras desse nosso Acari, tão cheio de boas árvores, mas que sente saudades dos seus velhos troncos.

PS.: Hoje eu deveria estar fazendo uma homenagem ao Coronel Bento, aniversariante do dia. Completaria cem anos, se vivo fosse. Uma das figuras mais interessantes desse Acari do nosso amor.
Falo depois desse ilustre filho da nossa terra, sinônimo de coragem, de honestidade e de abnegação.

20/03/2010 Publicada por Jesus de Miúdo.
Fonte: Blog Acarí do meu amor

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