sábado, 3 de novembro de 2012

Marcos Valério depõe contra Lula


São Paulo (AE) - Reportagem publicada pela revista Veja que chega às bancas esta semana afirma que o empresário Marcos Valério, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por participação no esquema do mensalão, teria sido procurado por integrantes do PT, inclusive o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para negociar com pessoas supostamente envolvidas no assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em 2002.

O relato de Marcos Valério, segundo a publicação, teria sido feito em depoimento ao Ministério Público na tentativa de obter um acordo de delação premiada, como forma de abrandar sua pena.

No depoimento, Valério dissera ainda ter detalhes "comprometedores sobre a participação do ex-ministro Antonio Palocci na arrecadação de recursos para o caixa do PT", conforme a reportagem, e também informações sobre a origem de R$ 1,7 milhão apreendidos pela Polícia Federal no escândalo do dossiê dos aloprados, durante a campanha eleitoral de 2006.

A respeito do assassinato de Celson Daniel, conforme diz o texto de Veja, Valério fora procurado pelo até então presidente Lula e por Gilberto Carvalho (atual secretário-geral da Presidência), que estariam sofrendo tentativa de extorsão de "figuras ligadas ao crime de Santo André - em especial, o empresário Ronan Maria Pinto, apontado pelo Ministério Público como integrante de um esquema de cobrança de propina na prefeitura".

A Marcos Valério, segundo a Veja, teria sido pedido que desse aos chantagistas o dinheiro que buscavam. Ainda de acordo com a revista, o empresário teria recusado o pedido.

"Nisso aí, eu não me meto", teria dito em um encontro com Sílvio Pereira, então secretário-geral do PT, e Ronan. O publicitário alegou que não aceitou "entrar no jogo", mas teria apontado um amigo pessoal de Lula de ter resolvido a questão, "utilizando-se de um banco não citado no esquema do mensalão".

Procurado pela reportagem, o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse por meio de sua assessoria, que não vai comentar o assunto "de tão ridículo".

A avaliação do Partido dos Trabalhadores nos bastidores é que o escândalo está sendo usado para prejudicar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva politicamente e que não cabe aos personagens citados no depoimento alimentar essa suposta campanha.

STF retoma debate sobre punição

São Paulo (AE) - O Supremo Tribunal Federal retoma na quarta-feira a fase de definição das penas dos condenados do processo do mensalão. Os ministros da Corte ainda precisam analisar os casos de 23 condenados - entre eles os ex-dirigentes do PT José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares.

Já foram estabelecidas as penas do empresário Marcos Valério, condenado a até 40 anos de prisão por operar o esquema do mensalão , e de seu ex-sócio Ramon Hollerbach, cuja punição definida até agora soma 14 anos de prisão.
O STF interrompeu o julgamento na semana passada devido a uma viagem do ministro Joaquim Barbosa à Alemanha para um tratamento de saúde.

Na quarta-feira, o STF deve concluir a análise sobre o caso de Hollerbach. Os ministros estabeleceram sua pena para cinco condutas e precisam apreciar ainda outros três crimes.

Não há previsão para definição das penas de Dirceu, Genoino e Delúbio. Os três foram condenados por corrupção ativa e formação de quadrilha.

Divergências entre os magistrados sobre os critérios de estabelecimento das penas impuseram um ritmo lento à chamada dosimetria. A Corte estimava em três dias o prazo para definição das punições, mas o tempo só foi suficiente para analisar os casos de Valério e Hollerbach.

Alguns ministros afirmam que, ao fim do estabelecimento das penas, vão analisar se houve continuidade delitiva nos crimes de peculato e corrupção ativa - o que pode reduzir a punição, pois não haveria soma das penas para cada condenação.
Fonte:Tribuna do Norte

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