Nos arredores de Natal, quatro cidades recebem em média 28 novos moradores por dia. Segundo o Censo do IBGE, em apenas cinco anos Parnamirim ganhou mais de 35 mil moradores.
O Nordeste tem hoje só dois estados com saldo migratório positivo e o Rio Grande do Norte é o principal destino. Motivos para isso são, principalmente, investimentos tanto públicos quanto privados.
De volta à terra ‘Natal’ depois de rodar o mundo.
“Eu estava vindo para uma oportunidade de carreira bem interessante, níveis de sofisticação do trabalho bem semelhantes ao que eu tinha em São Paulo. Mas tinha um ponto muito forte, que era a questão de qualidade de vida”, conta o engenheiro civil Marcelo Freitas.
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Nos arredores de Natal, quatro cidades recebem em média 28 novos
moradores por dia. Crescimento para a região, aborrecimento para a
comerciária Rosemary Lima, que trocou São Paulo por Parnamirim, mas não
consegue fugir do engarrafamento.“Eu passo uma hora para chegar no meu trabalho. Queria levar 15, 20 minutos, só”, diz ela.
Segundo o Censo do IBGE, em apenas cinco anos Parnamirim ganhou mais de 35 mil moradores. Na vizinha Macaíba, muitos migrantes foram atraídos com investimentos públicos e privados, que fez surgir escolas e um centro de saúde.
O termo usado pelo IBGE para definir o que sempre aconteceu no Nordeste diz muito: "expulsão demográfica". Mas o Rio Grande do Norte vê um movimento na direção contrária, cada vez com mais força e a expansão imobiliária é um dos motivos para isso.
Entre 2005 e 2010, o estado viu a população aumentar em mais de 3% por causa da migração. Chegaram mais de 13 mil pessoas. No mesmo período, entre os estados nordestinos, só Sergipe acompanhou o movimento. Os que mais perderam moradores foram, de longe, a Bahia e o Maranhão.
Curioso é que na década passada a economia do Rio Grande do Norte cresceu menos do que a média nordestina. Isso aparece em vilarejos que ainda perdem gente para as economias melhores.
“Eu tenho irmão em São Paulo, tenho outros em Belém do Pará, mas meu lugar é esse aqui mesmo”, diz o agricultor Samuel Ferreira.
A equipe do JN encontrou a filha de Samuel Ferreira preparando um lagarto para comer no almoço. Famílias à beira da miséria, dependendo de ajuda do governo, vivendo em um terra onde quase nada floresce: essa é uma imagem que muitos brasileiros têm do Nordeste, e ela certamente existe. Vemos o tempo todo. Mas talvez seja hora de termos também outras imagens do Nordeste. No Rio Grande do Norte, por exemplo, da terra seca brotou uma plantação de energia. Mais adiante, a indústria petrolífera que gera 37 mil empregos no estado. Quem controla esses dutos? Uma cearense que veio com tudo para Natal.
“A decisão foi no bolso mesmo”, reforça a engenheira de processamento Roberta Viana.
Mas onde ela mora? Nas vizinhanças de Natal, onde condomínios brotam hoje mais rápido até do que mandacaru no sertão.
Fonte: Jornal Nacional
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